O turismo é um gigante que, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), responde por 10% do PIB mundial e por um em cada nove empregos existentes. Também em linha com a OMT, no ano 2000 ocorreu uma movimentação de 674 milhões de turistas internacionais em todo o mundo, chegando a um montante de 1,3 bilhões de viagens em 2023 (incremento de incríveis 100%).
De maneira análoga, no Brasil o turismo representa 7,8% do PIB. Conforme anuários estatísticos do Ministério do Turismo, no ano 2000 um total de 5,3 milhões de turistas estrangeiros visitaram o Brasil e, apenas no primeiro bimestre de 2025, este número saltou para a marca de 2,81 milhões.
Os investimentos estrangeiros em turismo, no nosso país, cresceram 88% entre janeiro e março de 2025 (frente ao mesmo período de 2024), alcançando US$ 81 milhões (segundo dados do Ministério do Turismo e informações do Banco Central).
Especificamente no estado da Paraíba (e tomando como referência a Fecomércio/PB e dados setoriais do IBGE), o turismo também mantém uma trajetória de expansão. Em março de 2025, o setor registrou um aumento de 7,2% no faturamento, em comparação com o mesmo período de 2024 (atingindo R$ 78,5 milhões).
Quando se fala em crescimento e relevância do turismo, a Paraíba encontra-se dentre os entes federativos de maior destaque. De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo em parceria com a Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, a Paraíba foi um dos estados que mais cresceu na preferência entre os viajantes. A pesquisa apontou que 7% dos brasileiros escolheram a Paraíba como destino preferido para viagens entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. João Pessoa, a capital do estado, foi considerada pela Booking como um destino ideal para viajantes que buscam retiros focados no bem-estar.
Não por acaso, o turismo representa algo próximo a 8% do PIB paraibano. A relevância do turismo para a economia daquele estado, tendo-se por alvo os próximos anos, pode ser medida pelo fato de João Pessoa ter atingido a marca de 3º lugar com maior aumento na procura entre destinos de todo o mundo (segundo informação divulgada pela CNBC - Consumer News and Business Channel). A capital paraibana
aparece na lista dos 10 destinos em alta, atrás apenas de Sanya, na China, e Trieste, na Itália.
A Paraíba conta, adicionalmente, com um centro de excelência no desenvolvimento de soluções de cidades inteligentes. Refiro-me à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
E qual a correlação do turismo nesta joia brasileira, com IA e com as tecnologias disruptivas de cidades inteligentes? A resposta é: correlação total. Vamos então aos fatos:
a) As principais exigências dos turistas podem ser agrupadas em quatro categorias, mais especificamente a infraestrutura turística, a qualidade dos serviços, a segurança e a sustentabilidade.
b) O uso da tecnologia está redefinindo o turismo (cumpre destacar que, dentre os pilares evidenciados pelo Ministério do Turismo, tem-se a governança, a inovação, a tecnologia, a promoção, a segurança e a mobilidade como eixos preponderantes).
c) Quatro, em cada dez cidades no mundo, já implementaram algum tipo de solução inteligente para o turismo e para a mobilidade urbana (fonte OMT) d) Nas duas últimas décadas (2000 a 2025), também segundo a OMT, ocorreu um aumento expressivo no financiamento de projetos de cidades inteligentes. e) O turista de eventos tende a ser mais exigente do que o turista de lazer. Isso porque o turista de eventos geralmente tem um objetivo específico e expectativas mais altas em relação à mobilidade, infraestrutura pública, acesso a informações e qualidade dos serviços. No entanto, ele gasta o dobro (quando comparado com o turista de lazer) e mitiga os impactos nocivos da sazonalidade das viagens de bem-estar.
f) Barcelona (sede do Smart City Expo World Congress - o principal evento mundial focado em cidades inteligentes) se destaca por sua abordagem inovadora na gestão urbana, com o uso de plataformas e centrais digitais que conectam serviços públicos e privados.
g) Dubai (Projeto Smart Dubai) tem investido pesadamente em tecnologias futuristas, estabelecendo-se como um líder em soluções de cidades inteligentes no Oriente Médio. Aquela cidade implementou uma rede robusta de sensores e pontos de coleta de dados em espaços públicos, que otimizam a gestão urbana e fornecem informações em tempo real para uma central de monitoramento. Esta iniciativa abrange várias facetas da gestão urbana, incluindo o transporte, a saúde e os serviços públicos.
h) Amsterdã (projeto Amsterdam Smart City) utiliza a tecnologia para melhorar a mobilidade, adotando um aplicativo/central de monitoramento (facilitando, assim, o deslocamento dos turistas).
i) Seul (Projeto Seoul Smart City Platform) agrega uma central de dados de várias fontes, permitindo uma navegação eficiente frente a temas como transporte público, restaurantes, locais culturais, guias, gestão de compartilhamento de
bicicletas e administração da cidade (gestão de vias, iluminação pública e parques).
As cidades inteligentes operam com base na coleta e análise de dados, que permitem entender melhor o comportamento dos visitantes, e dar solução a temas administrativos do cotidiano.
A integração de centrais de monitoramento com informações em tempo real propicia um ecossistema mais eficiente, onde a experiência do turista é aprimorada por intermédio de serviços personalizados e de alta qualidade.
Neste cenário, a colaboração entre os setores público e privado desempenha um papel vital. Projetos destinados à implementação de tecnologias de cidades inteligentes, para alavancar o turismo, têm potencial não apenas para aumentar a receita econômica, mas também para promover o desenvolvimento e a geração de milhares de empregos.
A utilização estratégica das tecnologias emergentes pode transformar as cidades em pontos de referência. Neste diapasão, destacam-se como principais soluções e tecnologias para prover ações destinadas à expansão disruptiva do turismo paraibano:
a) Implantar uma central de serviços e de monitoramento, capaz de receber e de tratar por telefone/call center, SMS, chat, mobile e totens, toda uma gama de informações integradas de gestão de cidades, de segurança pública, de transporte/trânsito, de pontos de alagamento e de qualidade do ar e da água (monitoramento ambiental).
b) Implementar experiências imersivas, que permitam visualizar monumentos históricos em diferentes épocas, ou navegar por atrações antes de visitá-las fisicamente (por intermédio de realidade virtual). Estes tours virtuais mostram resultados promissores, com aumentos de até 30% nas intenções de visitas.
c) Prover, com o apoio de IA, a qualificação constante de pessoal dos setores de alimentação, restaurantes, transportes e demais serviços de interesse. d) Prover sistemas integrados de monitoramento e segurança, com análise preditiva, para áreas de alta concentração turística.
e) Garantir conectividade gratuita por intermédio de Wi-Fi.
f) Investir no incremento de rotas aéreas e na melhoria da infraestrutura aeroportuária, dispondo inclusive de totens para acesso a informações advindas da central de monitoramento efetivada.
g) Fomentar e dar visibilidade, no Brasil e no mundo, a um polo de inovação e de avaliação de tecnologias disruptivas para cidades inteligentes, destinado a promover e a incubar a criação, o suporte técnico e o patrimônio intelectual das soluções desenvolvidas.
Governos em todo o mundo estão reconhecendo o papel vital das tecnologias de cidades inteligentes no aprimoramento do turismo, estabelecendo assim iniciativas estratégicas e parcerias para facilitar essa transição. Essas iniciativas geralmente
abrangem uma mistura de políticas públicas, investimentos em infraestrutura e acordos colaborativos entre órgãos públicos e empresas privadas.
À medida que as cidades evoluem para ambientes inteligentes, as tecnologias emergentes desempenham um papel crucial na reformação de paisagens urbanas e no aprimoramento das experiências de viagem.
Informações sobre fluxos de tráfego, condições ambientais e preferências dos turistas capacitam as autoridades locais a tomar decisões, como otimizar as rotas de transporte público ou melhorar as medidas de segurança (criando assim um ambiente mais atraente e fascinante para os turistas).
As soluções de centrais de monitoramento integradas por IA, os tours virtuais, a monitoração ambiental e a gestão da segurança e das rotas viárias estão disponíveis no país e são plenamente viáveis para consecução na Paraíba. A adoção destes mecanismos tem marcado o sucesso do turismo em cidades ao redor do mundo (Dubai, Seul, Barcelona e outras), e certamente impulsionará a economia de locais promissores como João Pessoa, Campina Grande, Conde, Areia e Cabedelo (dentre outros).
O turismo é um motor de desenvolvimento económico e social, capaz de promover a troca cultural, a valorização do património e a criação de empregos em larga escala. Numa região de elevado potencial, como é o caso do estado da Paraíba, uma estratégia de implementação de tecnologias e IA, num contexto de cidades inteligentes, proporcionará um diferencial capaz de atrair novos investimentos, potencializar a geração de riquezas e influenciar fortemente na qualidade de vida das pessoas. As gerações futuras agradecem...
Mín. 21° Máx. 27°