Israel e Irã estão em guerra. Há risco de retaliações globais. A humanidade, como a conhecemos, treme. E, no entanto, há quem dance. Há quem brinde. Há quem ache que nada tem a ver consigo.
Recentemente, experimentei o que seria um leve prenúncio do caos. Em Portugal, durante um apagão, bastaram algumas horas sem energia, sem internet, sem comunicação — para que a inquietação tomasse conta das ruas. Pessoas em pânico. Supermercados com filas. O medo tomou forma. Imagine agora o que se passa nos lugares onde, além do silêncio digital, há sirenes, bombas, gritos e corpos no chão. Imagine o que vive uma mãe que enterra seu filho, sem saber sequer o porquê de tanto ódio, de tanta destruição.
E aqui estamos nós, tão “conectados” ao que não importa, quanto desconectados da dor alheia. Vive-se um forró-bodó enquanto o mundo sangra. A festa segue, como se a vida não estivesse por um fio.
Será que nos tornamos tão frios assim? Tão alheios à humanidade do outro?
Jesus ensinou: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mas quem ainda ama? Amar é sentir a dor do outro. É orar com sinceridade. É interceder por quem chora. É renunciar por um bem maior. Onde está essa fé?
Há uma geração que vive com máscaras: sorrisos forçados, alegrias encenadas, distrações que anestesiam. Mas o coração está vazio. O espírito está faminto. A alma, cansada.
Estamos à beira de um precipício e fingimos não ver. Brindamos à vida enquanto a morte ronda. É insensatez ou fuga?
Esta não é uma chamada para o medo. É uma convocação ao discernimento. É hora de tirar as máscaras, de acordar para a urgência dos tempos, de buscar a Deus enquanto se pode achar.
A guerra pode não estar no nosso quintal, mas a dor é universal. E o destino do mundo é o mesmo destino da humanidade. Não existe muro alto o suficiente para conter a consequência da indiferença.
A festa vai acabar. E então? Onde estará o teu coração?
Tania Castelliano
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