A escova progressiva ganhou popularidade como técnica de alisamento capilar, prometendo fios lisos e disciplinados. Mesmo com a recente valorização dos fios naturais, o procedimento continua muito comum no Brasil.
No entanto, o uso de substâncias químicas como o formol e hidróxidos, usados no tratamento, levanta preocupações sobre os riscos à saúde capilar, inclusive se há impactos na queda de cabelo, especialmente na calvície, de mais difícil reversão.
Como a escova progressiva age nos fios?
A escova progressiva é um tratamento químico que promove o alisamento dos cabelos ao modificar a estrutura molecular dos fios. Para entender como isso acontece, é preciso conhecer um pouco sobre a composição do cabelo.
Composição do fio de cabelo
Cada fio é formado por uma proteína chamada queratina, que mantém sua forma graças a ligações químicas específicas, principalmente as pontes de hidrogênio e as pontes dissulfeto.
As pontes de hidrogênio são ligações fracas que se rompem facilmente quando o cabelo é molhado ou exposto ao calor, como durante o uso do secador. A alteração nessas ligações resulta em mudanças temporárias no formato dos fios, como o alisamento que dura até a próxima lavagem.
Já as pontes dissulfeto são ligações mais fortes, formadas entre aminoácidos que contêm enxofre. Essas ligações são essenciais para manter a estrutura permanente do cabelo.
Durante a escova progressiva, substâncias químicas como o formol (ou alternativas como o hidróxidos) são aplicadas nos fios para quebrar as pontes dissulfeto. Essa quebra permite que os fios sejam remodelados e alisados com o auxílio do calor da chapinha.
Esse processo não é reversível, portanto, o cabelo adquire a nova textura por um período prolongado, enquanto o novo de cabelo que está nascendo mantém a estrutura original do fio, razão pela qual é preciso fazer os chamados “retoques na raiz”.
Impactos da escova progressiva
O problema é que, ao alterar a estrutura interna do fio, a escova progressiva pode enfraquecer as fibras capilares. A quebra das pontes dissulfeto reduz a resistência dos fios, tornando-os mais propensos à quebra e aos danos externos.
Além disso, o tratamento pode danificar a camada externa do fio chamada de cutícula, deixando o cabelo mais poroso, sem brilho e com frizz.
Esses danos, somados ao uso de produtos inadequados ou à aplicação incorreta, podem levar a problemas como queda de cabelo e aparência indesejada.
Escova progressiva pode causar calvície?
A calvície, ou alopecia androgenética, é uma condição hereditária que consiste no afinamento progressivo da haste capilar (miniaturização) e, nas mulheres, ocorre de forma difusa no couro cabeludo, especialmente após a menopausa devido às alterações hormonais.
Ao entender isso é possível concluir que a escova progressiva não pode causar uma condição geneticamente herdada. Entretanto, isso não significa que não haja relação entre o alisamento capilar e a queda de cabelo.
Relação entre escova progressiva e queda de cabelo
Ao alterar a estrutura dos fios com a quebra das ligações de queratina, a escova progressiva resulta no enfraquecimento do cabelo. Com o tempo, essa fragilização pode levar ao afinamento dos fios, resultando em uma perda progressiva de volume.
Além disso, a exposição repetida a esses produtos pode irritar o couro e desencadear uma condição conhecida como eflúvio telógeno, onde os fios entram precocemente na fase de repouso do ciclo capilar, causando uma queda de cabelo difusa e acentuada.
Esse tipo de queda é temporário, mas pode ser preocupante, especialmente se o tratamento químico for realizado com frequência excessiva ou de forma inadequada.
Em casos de pacientes com calvície, a perda de volume causada pelo alisamento pode se somar à miniaturização, tornando o cabelo ainda mais ralo, enquanto o eflúvio telógeno pode acelerar os processos relacionados à alopecia androgenética, tornando um tratamento capilar mais desafiador.
Queimaduras químicas e alopecia cicatricial
Um dos riscos mais graves associados à escova progressiva são as queimaduras químicas no couro cabeludo. Isso pode ocorrer quando o produto é aplicado por tempo prolongado, em concentrações acima do recomendado ou quando há sensibilidade individual aos componentes químicos.
No caso do formol, por exemplo, a ANVISA estipulou que a concentração máxima seja de 0,2%, uma quantidade para atuar como conservante e não alisante. Entretanto, muitos produtos irregulares circulam no mercado com concentração de até 37% de formol.
A queimadura química pode resultar na alopecia cicatricial, uma condição na qual tecido fibroso substitui os folículos pilosos, impedindo o crescimento de novos fios. Trata-se de um tipo de calvície irreversível, pois os folículos são quimicamente destruídos.
Os sintomas da queimadura química no couro cabeludo incluem vermelhidão, ardência, descamação e, em casos mais graves, bolhas e feridas. Se identificar os sinais deve-se interromper o procedimento imediatamente, lavar o couro cabeludo com água em abundância e buscar atendimento médico.
Sinais de alerta para danos capilares
A escova progressiva pode comprometer a saúde capilar quando surgem sinais como quebra excessiva dos fios, afinamento progressivo e queda de cabelo acentuada.
Apresentar fios mais frágeis, sem brilho ou com pontas duplas frequentes é indicativo de danos à estrutura capilar, demandando assistência dermatológica especializada e interrupção do procedimento.
Portanto, apesar de as escovas progressivas não serem uma causa direta da calvície, ela pode ser agravada em quem faz o procedimento com frequência.
Além disso, há o risco de alopecia feminina devido a queimadura química em casos de tratamento inadequado.
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