Em uma entrevista exclusiva ao jornalista Cândido Nóbrega, o ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, fez revelações alarmantes sobre a atual situação das principais infraestruturas do país, destacando a possibilidade de um colapso econômico nos próximos três anos se medidas não forem adotadas urgentemente.
O ministro trouxe à tona uma informação em primeira mão sobre a situação crítica da Agência Nacional de Mineração, que ele descreveu como "o maior desastre do país". Ele destacou que a agência, responsável por fiscalizar riquezas naturais valiosas como ouro, diamantes e nióbio, "opera com apenas quatro fiscais para todo o território nacional".
Essa escassez de recursos humanos tem permitido a fuga de riqueza do solo brasileiro sem controle, comprometendo profundamente a economia e a soberania nacionais. Nardes comparou a situação brasileira com a de países como a Austrália e os Estados Unidos, que dispõem de estruturas eficientes para a exploração de recursos, ressaltando a urgência de o Brasil adotar uma abordagem semelhante. “É inconcebível que uma nação com tantas riquezas minerais esteja tão mal equipada para protegê-las”, declarou.
Energia limpa: oportunidades e desafios
Outro ponto crítico levantado por Augusto Nardes foi a problemática gestão energética. Apesar de o Nordeste ter muito potencial e produzir energia limpa em abundância, falta infraestrutura para transmitir essa energia para as demais regiões, notadamente o Sudeste. Esta deficiência ficou evidente recentemente com o apagão sofrido em São Paulo, no qual milhões ficaram sem eletricidade por até seis dias, expondo falhas na governança e gerando enormes prejuízos para o comércio e cidadãos. A ausência de linhas de transmissão eficazes destaca a necessidade de investimentos estratégicos em tecnologia e infraestrutura para otimizar o uso dos recursos energéticos abundantes disponíveis.
O Ministro do TCU, relator de auditorias sobre o apagão na maior cidade do país e também das enchentes no Rio Grande do Sul, destacou a necessidade de investir em governança preventiva. As auditorias revelaram que a falta de planejamento e infraestrutura adequada para desastres naturais resultaram em imensas perdas humanas e econômicas, afetando profundamente as comunidades locais e a economia regional. Implementar políticas públicas que incentivem a prevenção e a preparação para eventos climáticos extremos é essencial para reduzir o impacto desses eventos extremos. “A tese da governança que venho pregando é exatamente para evitar essas situações catastróficas”, disse.
Transporte: um sistema à beira do colapso
O alerta do ministro incluiu também o sistema de transporte do país, que ele descreveu como inadequado e mal planejado. Com uma infraestrutura fortemente dependente de rodovias, o Brasil enfrenta congestionamentos constantes, além e principalmente, a falta de capacidade para escoar sua produção agrícola e industrial. A consideração por diversificar a infraestrutura de transporte, desenvolvendo hidrovias e ferrovias, poderia não apenas reduzir custos logísticos, mas também mitigar impactos ambientais negativos. Enquanto China e Índia investem significativamente em infraestrutura, o Brasil permanece estagnado, investindo apenas 1,5% do PIB nesta área crítica, o que ameaça a competitividade nacional e a capacidade de crescimento econômico sustentável.
Um chamado à ação
O ministro deixou claro que, sem uma revisão estratégica e investimentos prioritários em infraestrutura e governança, o Brasil corre o risco de enfrentar um colapso infraestrutural em breve, impactando toda a cadeia econômica. Ele foi contundente ao afirmar a necessidade urgente de uma ação coordenada do governo para melhorar a capacidade de transporte e a eficiência energética, elementos essenciais para aumentar a competitividade e garantir o futuro econômico do país. Segundo ele, políticas públicas robustas e engajamento entre setores público e privado são fundamentais para implementar soluções eficazes a longo prazo. “O país vai entrar em colapso em pouco tempo se não melhorarmos a infraestrutura”, alertou.
Esta entrevista exclusiva, que pode ser conferida na íntegra aqui, destaca a necessidade de uma resposta imediata do governo brasileiro para evitar um colapso iminente, reiterando o papel vital que a governança eficaz e os investimentos robustos desempenham na sustentação do desenvolvimento nacional.
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