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“Por uma dessas coincidências extraordinárias, findas as Olimpíadas, dá-se o pontapé inicial para as eleições municipais. O esforço e a excelência física humana demonstrada durante os jogos, cede espaço, cá entre nós, para o malabarismo verbal dos postulantes a uma vaga de representante do povo ou gestor do público.”

14/08/2024 às 14h09
Por: Nailson Júnior Fonte: por Edson de França
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Se ao ofício de cronista se impõe a obrigação de manter em dia o registro dos acontecimentos de audiência mundial, passei batido pelas olimpíadas. Não dediquei uma mísera linha ao evento. Motivos até tinha, mas resolvi limitar-me a assistir na TV algumas coisas. Na verdade, na maioria do tempo, torci por alguns esportes e ignorei a maioria. Maratonei filmes - sim, assisto filmes aos nacos! -  e séries no curso do período. 

Postura de cronista, nesses instantes áureos da humanidade, é vestir-se de patriota ufano, elucubrar sobre o que agradou ou não no desempenho dos seus atletas e acompanhar as polêmicas com que os coleguinhas de imprensa afogueiam suas mornas “crônicas esportivas”.  Não há muito o que se fazer além desse roteiro. Sendo desconhecedor dos detalhes técnicos de muitos daqueles esportes, então, contento-me mesmo é com a beleza estética do esforço humano. 

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Objetivamente, levamos das Olimpíadas as imagens que correram o mundo em nossas retinas -, o saldo de medalhas e uma ou outra ideia que algum iluminado analista traçou sobre. A vida segue e, por mais medalhas que nossos representantes tragam para casa, nossas vidas cotidianas, entre logros e mazelas, continuam exatamente iguais. O orgulho transferido pelos nossos heróis é espiritualmente marcante, porém, traiçoeiramente efêmero. 

Algumas imagens icônicas com certeza irão morar na memória afetiva dos mais abnegados e, mais, compor o panteão de “grandes momentos” da memória eletrônica dos meios de comunicação. Pronto. No saldo final, para quem é apenas um reles espectador, é o que sobra. O mesmo não se pode afirmar de uma outra contenda que se anuncia por esses dias.

Por uma dessas coincidências extraordinárias, findas as Olimpíadas, dá-se o pontapé inicial para as eleições municipais. O esforço e a excelência física humana demonstrada durante os jogos, cede espaço, cá entre nós, para o malabarismo verbal dos postulantes a uma vaga de representante do povo ou gestor público. 

O esporte dominante nesse novo espetáculo é de uma outra natureza, com influência muito mais decisiva - materialmente aquilatável - na qualidade de vida da população. As cidades são a ponta do sistema administrativo-governamental; é nelas que a base cidadã se instala. Nelas os homens comuns vivem, reproduzem-se e morrem. Nelas, a atenção aos serviços e direitos básicos, é que vão dar a real dimensão do que chamamos qualidade de vida. 

Na maratona eleitoral que ora se inicia, candidatos irão às urnas disputar  conseguir um posto de representante ou de gestor de suas jurisdições. Para elas, estruturalmente, e para a vida dos cidadãos como um todo é que, teoricamente, estarão voltados todas as atenções dos pleiteantes. Atenções, intenções, propostas e visões sobre futuro entrarão em cena. Umas factíveis e realistas. Grande parte, fantasiosas, destoantes e inaplicáveis. 

Entram em cena, além das ideologias, o futuro “real” das nossas cidades. Futuro de curto e de longo prazo, é bom que se diga. Prefeitos e vereadores, uma vez eleitos, têm, sim, uma missão. Os vencedores, ao longo de um mandato de quatro anos, têm a oportunidade de fazer a máquina pública andar, mas, também, estabelecer bases para o quevirá das cidades. 

Eles não recebem uma planta baixa. Herdam uma estrutura que se arrasta por gerações e precisa dar respostas às demandas contemporâneas. Se algum postulante não tiver a ciência dessa “herança” e a consciência de que é preciso resolver questões pendentes e vislumbrar o futuro não merece o voto do eleitor. Se não entender as cidades como organismos vivos, prementes de longevidades e, sobretudo, carentes de valorização da vida.

Que cada cidade desses nossos rincões seja Paris dentro de suas próprias limitações. Que cada cidade antes de ser luz - porque isso Nero fez por Roma - tenha gestores iluminados. Que transparência, capacidade gestora, honestidade, zelo pelo bem público e respeito pela cidade e pela cidadania seja o programa básico dos candidatos. 

Que todos busquem a excelência. Que o grau de dificuldade seja o máximo  que todos se esforcem para se superar, atingir a melhor nota com base em suas performances. Que malditos sejam os que não sejam fiéis a suas propostas e não se esmerem em pô-las em prática. Vencer eleição não equivale a ganhar medalhas, como alguns parecem pensar. Ganhar eleição é receber uma licença temporária, um passaporte, para pôr em voga propostas para as cidades. Is

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