Em maio, o Dia das Mães (sempre no segundo domingo do mês) e o Dia
Nacional da Adoção (25 de maio) guardam especial afinidade. O sagrado dom
da maternidade, também expresso no belo gesto da adoção, deve compartilhar
amor e afeto igualmente de forma inclusiva.
Esse importante tema foi discutido na Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 —
e Net Brasil/Claro TV — Canais 196 e 696), no programa Sociedade Solidária.
Na ocasião, o sociólogo e apresentador Daniel Guimarães entrevistou Mônica
Natale de Camargo, gerente executiva do Grupo de Apoio à Adoção de São
Paulo (Gaasp).
Mudança de cultura
Estimativas apontam que, para cada criança na fila de adoção, há seis casais ou
indivíduos pretendentes. Mônica Natale esclarece: “Ainda temos aquela cultura
do perfil. O que a maioria dos pretendentes deseja? Eles geralmente querem
aquelas crianças menores, bebês, brancos ou da mesma etnia. E as crianças que
estão disponíveis geralmente são de grupos de irmãos e com idade avançada, e
algumas com necessidades especiais. Então, o que tem de se fazer? Mudar essa
cultura em torno da adoção no Brasil. O pretendente tem que entender qual é a
realidade do país, e começar a olhar com carinho para as crianças, mudar
aquela concepção do filho idealizado para o filho possível”.
Longe de nós o preconceito
O alto sentido de humanidade precisa habitar o coração das criaturas, não
deixando espaço para preconceitos. A gerente do Gaasp aponta para o que pode
ser feito: “Primeiro, uma divulgação maior do que é a adoção, entender o que
significa adotar, o que significa um filho na sua vida. Isso é importante! A
cultura da adoção tem que ser mudada, sim, com programas de TV como este
onde se discute, onde se fala dessas necessidades”.
O assunto realmente merece um olhar mais atento da parte de todos, seja das
políticas públicas ou da sociedade. É direito básico de toda criança ter uma
família que a proteja, ame e respeite.
Quem quiser se informar melhor, acesse o site do Grupo de Apoio à Adoção de
São Paulo: www.gaasp.org.br. Procure também conhecer a legislação brasileira
sobre o tema.
Tirem o vidro!
No dia 27 de maio, completam-se 32 anos de dois grandes eventos da Legião da
Boa Vontade na capital federal. Na ocasião, além de inaugurar o primeiro anexo
(sede administrativa) do Conjunto Ecumênico, comandei a cerimônia de
lançamento da Pedra Fundamental do Templo da Boa Vontade.
Momentos antes do início do cerimonial, um fato curioso proporcionou a todos
importante lição. Eu me encontrava no segundo andar do prédio administrativo
da LBV com os meus filhos e, ao olhar para o pátio, que estava superlotado, vi
que o palco era baixo demais. E decidi: Sabem de uma coisa? Vou falar aqui de
cima da marquise de entrada. E perguntei: Essa marquise aguenta o peso da
gente? Ao que me responderam que sim, ao mesmo tempo em que me
perguntavam: “Mas como é que o senhor vai passar para lá? Tem um vidro na
frente!” Ora, se o vidro atrapalha, tirem o vidro!, disse-lhes. O vidro foi retirado
e pude, então, fazer o discurso lá de cima mesmo.
Naquele momento, destaquei, lembrando-me de Moisés e de Alziro Zarur
(1914-1979), que o Templo da Paz surgia para que houvesse a interiorização de
bons e elevados valores. Porque não se pode exteriorizar coisa alguma de útil se
a criatura não tem nada para oferecer. É a questão do conteúdo.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com